terça-feira, 13 de novembro de 2007

Uma cor

Sei que você não está aí de bobeira. Tomemos uma cerveja? Uma só cerveja, só uma, daí prometo te levar à Paris. Clichês sempre funcionam, mesmo que patéticos, fisgam teu meio-sorriso desesperado por amor e vestido de contradições. Fisguei com mais um poema do Manoel de Barros e mais outro, e mais uns conceitos e algumas abstrações. Toquemos um pouco de música! Não se sinta mal, ele não está aqui. Você está perdida, sei que está... vou aproveitar e te orientar. Eu sou a tua placa e o destino dela. Diminua a velocidade, prestenção! Você em si já é um farol, me ilumina aqui... foque-me. Não vai embora cedo, ainda podemos dançar a noite toda. Você tenta me levar, se espalha em caos pelo espaço entre nós até absorver essa confusão de suores e me tirar do mundo, devorando. Você é a imagem menos perfeita da perfeição. Linda. Esconde isso, mostra isso. Marca o passo? nada. Inventa até eu me irritar com a sua imposição. Essa irritação é deliciosa, faz eu querer virar o jogo, fez de mim violento [impulsos]. O pulsar pulsa até... eu te jogar. Você cai pra trás, estica como uma bailarina, alonga, e volta, devagar...parece mágica. Você estava na palma da minha mão, santinha, pequenina. Mas eu queria cuidar dela. Quando menos percebi você era uma irmãzinha, uma protegida, um imperativo fraterno e belo, eu devia dar-lhe afagos. Passar a mão na cabeça, dar um beijo na testa, te desejar boa noite, cobrir-te. Faço isso, desisto daquele amor possível, daquela paixão avassaladora que compromete os corações desesperados e perdidos. Troco tudo por essa calmaria que se permite, se permite de vez em quando um gole e outro, ou uma dose bem densa, um desvio. Desvios diretos. No pensamento. Desvios na fala, desvios até ela. Dela até mim. A gente fica assim, desviando. Rios de meandro. Só às vezes. Só um pouquinho. Só um pouquinho dessa pequenina.