quinta-feira, 17 de junho de 2010

Carolina

Carolina passa
E fica no ar
Resolvo lançá-la aos berros
Pr´onde você vai que eu não vou junto?!

Carolina nunca diz direito
O que ela quer
Pronde ela vai.
E ela me interrompe quando eu falo.
Cruza tudo.

Carolina tem cabelo grudento
Tem olheiras
Cheira a cigarro
É uma francesinha vermelha
Tenta ser bunitinha com seu cachecol godardiano.

Carolina só fala de Lacan.
Eu tenho ciúmes do Lacan.
Porque ela só me lê de dia,
enquanto intervala suas angústias.
Bobinha, bebe e fala que me ama,
E eu acredito.

Carolina,
você reparou que os versos estão aumentando?

Você já traçou seus pães, bolos e pudins hoje,
provável...
Já deve estar embriagada de açúcar
E pensando neles
Ai ai ai,
Carolina...
queria tanto saber o que faço por você.
Porque eu sei...
Você vai continuar sofrendo,
Mas e se eu te encontrar?

Carolina
sentada numa mesa de bar
ao som de violeiros universitários:
uma fotografia que adoro.
Vejo
Um sintonizar dos nossos mundos
Uma esquizofrenia
Um surrealismo da diferença
Disfonia
Que só a gente entende
rindo de metáforas estranhas
que eu digo querendo um sorriso teu.

Carolina,
você é linda.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

(Título com cheirinho de tuti fruti)




Queria saber a sua cor predileta,

Seus segredos,
Aprender a te amar. [pausa na poesia (?)]

Quero ser aquela pessoa que te deixa fazer a bola de chiclete crescer crescer e crescer sem ir lá estourar ela de repente, se metendo e estragando tudo. Quero ser aquela que deixa, que respeita a sua bola de chiclete. Parece um sentimento bobo, mas... se não é bobo... como é que é amar?

Eu amo como uma criança. Eu como e me lambuzo. Eu fico suja de tanto amor... Tô nem aí pra minha roupa lambuzada. Pulo, faço cócega, implico, dô risada... e fico triste triste triste quando chega a hora de parar e ir embora.
Também não sei amar sem ser gulosa, sem falar besteira, sem fazer charminho, dengo e farra.
Não sei amar sem fazer bolhinha de sabão e querer segurá-la depois... mas não dá, ela é tão leve, tão delicada!
Também não sei amar sem uma sensibilidade que entende as coisas mesmo sem conhecê-las tão bem. Mas que entende. Que apreende um sentido. Quando se ama, algo tá fazendo sentido, mesmo a gente desconhecendo como que esse sentido se dá exatamente.
Também não sei amar sem falar que amo mesmo, bem aaaaalto! Amo amo amo amo AMO! ... com a intensidade da vontade da criança que pede por um algodão doce na rua depois do colégio, e que implora, como se aquilo fosse um querer absoluto.

[voltando]
Quero te amar andando num carrossel
Admirando as luzinhas todas
Quero te amar
com a trilha sonora de uma caixinha de música
Que faz ninar tão gostoso,
Que gosta de ver que faz fechar os olhos do outro
Tão tranquilamente
Tão confiante naquele embalo
Como se ele não fosse deixar de tocar nunca
Como se ele fosse continuar ainda no sonho

terça-feira, 22 de abril de 2008

Não sei

Não saber o que fazer,
Entorpecida sem saber porque

Não sei escrever poesia

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Aflita com seu cheiro de cigarro

(Escrevo isso pensando nas suas cinzas de cigarro
Que permanecem
Vão se acumulando
Tudo vai.)

O gosto do querer é diferente do de amar
O querer tem gosto por ele querer ter outro gosto
O amar não precisa de, não exige um gosto...
O amor nem pensa nisso.
Nem pensa em querer.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Para Anne

Bonita é você, que nunca esconde um sorriso ou um choro
Bonita é a sua canção, que fala de vida
Beleza é isso, é criar essa sintonia
Minha companheira
Minha linda
A pessoa que me faz ser amiga

(2007)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Palavrear

Palavras são rasas. Palavras são ilusão. São menores que os fatos. São bonitas, mas nem tanto. Nem sempre.

afligem quando as esperamos.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Parto Poético




É, eu pari.
Blá blá blá blá blá.
Sim, eu pari.
Ti ti ti tá tá tá.
Pari, e o mundo não soube.
Não bastaram os meus gritos, a minha dor e o meu esforço.
Não bastaram o suor, as lágrimas e até o amor retirados do corpo.
O mundo não se calou para sentir o parto, saber do parto.
Nada importa pra esse mundo de merda, só o seu próprio parto.
Pois é, eu pari algo único, gerado unica e exclusivamente por mim.
Isso é possível?
Sim, só eu fiz essa carne e osso imaginárias,
Esse projeto de cérebro e de coração.
Eu gerei e pari a minha poesia,
A minha filha. Só minha.
Logo, ela será desse mundo...
Ela vai se continuar por ele e nele, se definir nele, se espelhar e se espalhar nele, e reparar,
Que no fim das contas,
Ela veio dele.
Pena que minha filha não concluirá que seu nascimento só foi possível,
Por causa do calor do meu corpo,
Por causa dos calores desse meu corpo,
Corpo de mãe sempre quentinho, sempre cheio de calor.
Mãe de poesia sofre...
O momento do parto é um momento de grito
Mas ninguém ouviu
Ninguém quer saber da minha filha
Dessa minha criação
Da qual preciso me desapegar
Mas eu insisto nela e em outros partos,
Estou sempre engravidando
Ninguém quer saber da minha poesia.
Nos meus partos, estou sempre sozinha.