domingo, 5 de agosto de 2007
Boa noite.
Queria comentar do seu cabelo, da florzinha no canto da orelha, mas já estava tarde e daí fica uma coisa de gente que não tem educação isso de, Me diz um segredo?
Só que esse silêncio da falta de continuidade me aperta. Interromper o que parecia já ter começado a sair me irrita. Empedir alguma coisa que tava pra acontecer. Ela já está acostumada com isso vai, eu sou assim e ela gosta. Senão ela não estaria com esse olhar de espera, doida pra saber o que estava pra ser dito. Posso dizer qualquer outra coisa, eu já a tenho.
Você não vai dizer nada? É dificil isso quando te pressionam, calma, é só falar qualquer coisa, só fingir que não é o caso, como que se faz pra não , sei lá, às vezes o problema, eu acho, sabe, que, às vezes, é , pode ser que não, mas às vezes, sabe , acho que o problema sou eu..
É, eu sei. Tudo isso em um segundo. Eu pareço um móbile de pensamentos em um furacão. Pra que tanto se no fim, eu sei, ela não vai resistir. Ela está tão debilitada, o amor pra ela não passa de uma palavra vermelha e distante. Desisto de toda a resistência só de ver esses olhinhos debilitados e sem esperança.
Hoje eu descobri que estou apaixonado por você. Só porque o céu passou do cinza para o azul. Foi uma boa sexta, as ruas estavam abertas e vazias, não havia mais jogo de paixão. Naquela rua de são nicolau. Eu acredito em são Nicolau, é um tipo diferente de papai noel. E quero que você acredite, não só nele. Pare de ter esse medo. O amor não é só vermelho, ele tem todas as cores. E você, combina tanto com ele... se você fosse uma cor, você seria todas. Você seria ele, o amor, pra mim.
Eu poderia escrever incontáveis versos sobre a sua hesitação, e poderia fazer ainda mais versos só sobre essa sua florzinha no canto da orelha.E ser tão piegas que nem eu mais conseguiria me aguentar. Queria ser piegas sem me recriminar. Sou tão piegas que a única coisa que eu quero nesse momento, não é nem consumar esse lance, é só assistir ao seu adormecer, ao momento em que seus olhinhos debilitados finalmente descansam de toda essa falta de esperança.
Posso ficar escutando esse ruído quieto que o silêncio faz quando nos esforçamos a escutá-lo - dizem que é o som dos espíritos, mas tem vezes que acho mesmo que são as antenas de telefonia móvel, um dia ainda vou ter câncer por causa disso.
Pronto, beijei. Acho que isso acabou dizendo tudo o que eu quis dizer. Que esses lábios pós-larica tenham algo a dizer. E que façam os olhos dela fecharem. Ela beija de olhos fechados. Talvez eu possa fazer com que ela veja pelo menos mais uma cor além do vermelho. Agora eu posso ter câncer, sei lá, pode acontecer qualquer coisa comigo. Só porque eu pude ter esse momento uma vez.
É bom ver cores de olhos fechados.
.Esse conto é fruto de um exercício dadaísta realizado por duas pessoas no que é considerado por mim o cúmulo de um diálogo pós-moderno: o msn.