Palavras são rasas. Palavras são ilusão. São menores que os fatos. São bonitas, mas nem tanto. Nem sempre.
afligem quando as esperamos.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
sábado, 8 de dezembro de 2007
Parto Poético
É, eu pari.
Blá blá blá blá blá.
Sim, eu pari.
Ti ti ti tá tá tá.
Pari, e o mundo não soube.
Não bastaram os meus gritos, a minha dor e o meu esforço.
Não bastaram o suor, as lágrimas e até o amor retirados do corpo.
O mundo não se calou para sentir o parto, saber do parto.
Nada importa pra esse mundo de merda, só o seu próprio parto.
Pois é, eu pari algo único, gerado unica e exclusivamente por mim.
Isso é possível?
Sim, só eu fiz essa carne e osso imaginárias,
Esse projeto de cérebro e de coração.
Eu gerei e pari a minha poesia,
A minha filha. Só minha.
Logo, ela será desse mundo...
Ela vai se continuar por ele e nele, se definir nele, se espelhar e se espalhar nele, e reparar,
Que no fim das contas,
Ela veio dele.
Pena que minha filha não concluirá que seu nascimento só foi possível,
Por causa do calor do meu corpo,
Por causa dos calores desse meu corpo,
Corpo de mãe sempre quentinho, sempre cheio de calor.
Mãe de poesia sofre...
O momento do parto é um momento de grito
Mas ninguém ouviu
Ninguém quer saber da minha filha
Dessa minha criação
Da qual preciso me desapegar
Mas eu insisto nela e em outros partos,
Estou sempre engravidando
Ninguém quer saber da minha poesia.
Nos meus partos, estou sempre sozinha.
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